terça-feira, 24 de junho de 2008

Ensaio: Ficção-científica

Dizem que se Eisntein não tivesse nascido, o avanço do conhecimento científico e tecnológico humano estaria em atraso por meio século. Se tratanto então de Alan IV, talvez estivéssemos ainda na era do combustível petrolífero. E quem dera ele estivesse vivo até hoje para ver as maravilhas que suas descobertas nos trouxeram! Cada quadrante ocupado, cada matéria descoberta! Se não fossem os motores movidos à propulsão de quadriuns, esta minha viagem até Titã nunca seria possível.
Dentro do imenso ônibus espacial (só em meu setor podia contar cerca de cem passageiros dispostos em cadeiras e mesas bem espaçadas) o motor não produzia mais do que um leve ruído, semelhante ao de uma máquina ligada há centenas de metros. Já os corredores inferiores, por onde transitavam os avaliadores e os mecânicos, o barulho deveria ser infernal.
Divagando por esses assuntos, cochilei durante alguns instantes até que o pedestal, imergente do centro setor, anunciou nosso pouso dentro de dez minutos. Levantei de meu assento, espreguiçando-me longamente, e fui até a fileira de bancos laterais. Acomodei-me ao lado de um senhor baixo, mas muito acima do peso, com um longo bigode e costeletas gigantes (provavelmente vindo de Marte, onde a moda das costeletas estava em alta).
- É lindo, não é? A lua Titã, caminhando por volta de Saturno, sob as estrelas e o silêncio do vácuo. É como dizia Shawnk: "Se jornada a Titã tão longe não fosse, tão magnífica não seria sua paisagem. Se Saturno tão inquieto não existisse, a dança da Lua-Mor seria apenas uma miragem"
Dei-lhe um sorriso, como quem consente com a citação. Certamente ele vinha de Marte, pois é de lá quem vem os amantes das obras poéticas. Mas nem toda poesia marciana poderia descrever a sensação de se chegar pela primeira vez a Titã. Logo ao adentrar em seu espaço aéreo mais remoto, já é possível ver a cor e a luminosidade de sua capital Huygens. Diversas aeronaves circulavam sobre todos os patamares aéreos e podia-se ver três outros ônibus espaciais cortando o céu. Abaixo circulavam outras centenas de veículos sobre construções modernas e arrojadas, acizentadas cintilantes ou emitindo diversas cores. Toda a cidade fora construída como se caísse para um mesmo epicentro, suas ruas e quarteirões, as dobras de seus prédios e suas pontes, tudo aparentava imergir de um único ponto: a torre Cassini, homenagem a conquista humana de séculos atrás. Era quase patriótico, talvez humanitário, apreciar aquela imensa edificação de forma cônica. Em sua fina ponta abria-se como uma flor, talvez mais na forma de uma vitória-régia, uma plataforma circular, tão peculiar quanto a construção em si.
O nosso veículo, talvez grande demais para circular pelas vias de Titã (obviamente que Huygens não é a maior Cidade-Estado da Via-Láctea) manobrou sobre um prédio retangular onde uma equipe de recepção já se preparava para atender e informar os passageiros. O leve ruído do motor de quadrium cessou vagarosamente enquanto os tripulantes organizavam suas coisas e se dirigiam para o corredor de desembarque. Olhei pela janela e vi que algumas pessoas já pediam informações a equipe de recepção. Eu me contentei a retirar um pedaço amassado de papel do bolso (um pedaço de papel do bolso! que antiquado!), dar uma olhadela e enfiá-lo novamente na calça. A informação não era bem precisa, mas eu sabia o que fazer.
Saí da aeronave e lá estava eu, sobre a movimentação contínua da poética Titã. Talvez Shawnk não fosse tão romântico se tivesse vivenciado a agitação que a "lua dançante" de Saturno se transformou.

3 comentários:

Anônimo disse...

Seu testo é muuuuuuuuuuito bonito.

Mas se alienígenas batessem na sua nave e ela caíse naquela lua bizarra e só vc sobrevivesse, seria um ótimo jogo em primeira pessoa. xD

Anônimo disse...

nossa. por Deus, eu escrevi 'testo'.

credo.

Israel Oliveira dos Santos disse...

Nossa, Ma!! Sem palavras!

FANTÁSTICO ....

Te Amo irmão!