Dizem que se Eisntein não tivesse nascido, o avanço do conhecimento científico e tecnológico humano estaria em atraso por meio século. Se tratanto então de Alan IV, talvez estivéssemos ainda na era do combustível petrolífero. E quem dera ele estivesse vivo até hoje para ver as maravilhas que suas descobertas nos trouxeram! Cada quadrante ocupado, cada matéria descoberta! Se não fossem os motores movidos à propulsão de quadriuns, esta minha viagem até Titã nunca seria possível.
Dentro do imenso ônibus espacial (só em meu setor podia contar cerca de cem passageiros dispostos em cadeiras e mesas bem espaçadas) o motor não produzia mais do que um leve ruído, semelhante ao de uma máquina ligada há centenas de metros. Já os corredores inferiores, por onde transitavam os avaliadores e os mecânicos, o barulho deveria ser infernal.
Divagando por esses assuntos, cochilei durante alguns instantes até que o pedestal, imergente do centro setor, anunciou nosso pouso dentro de dez minutos. Levantei de meu assento, espreguiçando-me longamente, e fui até a fileira de bancos laterais. Acomodei-me ao lado de um senhor baixo, mas muito acima do peso, com um longo bigode e costeletas gigantes (provavelmente vindo de Marte, onde a moda das costeletas estava em alta).
- É lindo, não é? A lua Titã, caminhando por volta de Saturno, sob as estrelas e o silêncio do vácuo. É como dizia Shawnk: "Se jornada a Titã tão longe não fosse, tão magnífica não seria sua paisagem. Se Saturno tão inquieto não existisse, a dança da Lua-Mor seria apenas uma miragem"
Dei-lhe um sorriso, como quem consente com a citação. Certamente ele vinha de Marte, pois é de lá quem vem os amantes das obras poéticas. Mas nem toda poesia marciana poderia descrever a sensação de se chegar pela primeira vez a Titã. Logo ao adentrar em seu espaço aéreo mais remoto, já é possível ver a cor e a luminosidade de sua capital Huygens. Diversas aeronaves circulavam sobre todos os patamares aéreos e podia-se ver três outros ônibus espaciais cortando o céu. Abaixo circulavam outras centenas de veículos sobre construções modernas e arrojadas, acizentadas cintilantes ou emitindo diversas cores. Toda a cidade fora construída como se caísse para um mesmo epicentro, suas ruas e quarteirões, as dobras de seus prédios e suas pontes, tudo aparentava imergir de um único ponto: a torre Cassini, homenagem a conquista humana de séculos atrás. Era quase patriótico, talvez humanitário, apreciar aquela imensa edificação de forma cônica. Em sua fina ponta abria-se como uma flor, talvez mais na forma de uma vitória-régia, uma plataforma circular, tão peculiar quanto a construção em si.
O nosso veículo, talvez grande demais para circular pelas vias de Titã (obviamente que Huygens não é a maior Cidade-Estado da Via-Láctea) manobrou sobre um prédio retangular onde uma equipe de recepção já se preparava para atender e informar os passageiros. O leve ruído do motor de quadrium cessou vagarosamente enquanto os tripulantes organizavam suas coisas e se dirigiam para o corredor de desembarque. Olhei pela janela e vi que algumas pessoas já pediam informações a equipe de recepção. Eu me contentei a retirar um pedaço amassado de papel do bolso (um pedaço de papel do bolso! que antiquado!), dar uma olhadela e enfiá-lo novamente na calça. A informação não era bem precisa, mas eu sabia o que fazer.
Saí da aeronave e lá estava eu, sobre a movimentação contínua da poética Titã. Talvez Shawnk não fosse tão romântico se tivesse vivenciado a agitação que a "lua dançante" de Saturno se transformou.
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3 comentários:
Seu testo é muuuuuuuuuuito bonito.
Mas se alienígenas batessem na sua nave e ela caíse naquela lua bizarra e só vc sobrevivesse, seria um ótimo jogo em primeira pessoa. xD
nossa. por Deus, eu escrevi 'testo'.
credo.
Nossa, Ma!! Sem palavras!
FANTÁSTICO ....
Te Amo irmão!
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