quinta-feira, 26 de junho de 2008

Say Papapapapa for you to understand !

O "Cultura Para (e por) Quem não é Culto" indica: Mallu Magalhães é uma boa opção musical. Já bem sei que essa postagem será considerada "bairrista" e vão me taxar por determinados elogios, mas é o que eu posso oferecer de novo (e bom) em meio à onda decadente que surge todos os dias na música "popular" brasileira. E convenhamos, devemos espalhar novidades construtivas, já que a música pornográfica e desvalorizada avança muito mais rápido na nossa sociedade.
E Mallu é totalmente o oposto disso. Nada de pornografia, nada de desvalorização do ser humano, nada de palavreado baixo, nada de música sem sentido ou que não nos leve a cultura nenhuma. Já escutar Mallu Magalhães nos faz buscar as raízes do Rock n Roll e do Folkabilly, sem contar que apresenta novamente aos nossos ouvidos que diferença uma gaita pode fazer na música, ou uma intercalação sem letras, valendo-se de expressões onomatopéicas que enriquecem os acordes do violão e costumam vir a nossa cabeça em momentos alegres.
Com inspiração acentuada de Johnny Cash, Elvis Presley, Beatles, dos mestres do blues e de outros estilos que muitas vezes não chegaram a ser conhecidos mundialmente, a garota de 15 anos arriscou entrar no mundo musical brasileiro da forma como poucos (ou ninguém) fazem hoje em dia e da qual se consideraria quase impossível de ser reconhecida. QUASE porque ainda existem pessoas com cultura de valor. Enquanto muitos ganham sucesso nos verões praianos, lançando músicas de uma frase só, valendo-se mais da comercialização do que da composição, Mallu Magalhães decidiu ingressar com gravações próprias, sendo reconhecida através de apresentações e entrevistas ao invés de comerciais e festas de verão. Sem selos ou gravadoras, ela já tornou seu nome público e ganhou fãs diversos, porém sem isentar aqueles que a criticam incansavelmente.
Poderia dizer que são críticos sem base para suas teses, mas infelizmente eles a tem. Desconsideram-na como uma má representante da música brasileira por valer-se da língua inglesa na maior parte de suas composições. Taxam-na pela sua ingenuidade diante das câmeras. Criticam-na pela falta de contextualidade em suas letras. E à luz do mercado musical em nosso país, pode ser até que eles tenham alguma razão. Porém é interessante analisar a visão da garota antes de descartá-la de sua “playlist”.
Com atuais quinze anos de idade, Mallu Magalhães compõe, canta e toca suas próprias músicas além de adaptar alguns covers dos músicos que a inspiram. Com letras simples, que geralmente retratam felicidade em coisas pequenas, tristezas por não poder fazer mais por este mundo ou alguém importante que está longe, a garota conseguiu dinheiro emprestado para gravar algumas de suas composições preferidas e, colocando na internet, conseguiu nome no público. Adquiriu uma banda que a ajudasse a tocar e faz shows aos finais de semana em pequenos locais da cidade de São Paulo. Talvez por sua letra “fraca” (vocês já leram a postagem sobre o Créu?), que não possui qualquer crítica ao país ou ao sistema político, até mesmo as guerras, Mallu é muitas vezes desconsiderada como uma nova representante de nossa música e desconsiderada para que concorra a ser a criadora de um novo estilo musical (nomeada por ela mesmo de Folkabilly ou Folk n’ Roll).
Não é por menos. Nenhum jovem quer tocar Tchubaruba em seu carro quando está se dirigindo a uma balada, ou cantarolar o refrão de J1 como protesto ao governo. Porém os velhos conhecidos do rei Elvis ou dos mestres do Yeah-yeah-yeah aproveitariam muito bem a viagem de ônibus com as músicas simples da jovem Magalhães. Ela por si só sabe que a qualidade da música respeitada hoje em dia pela maior parte dos ouvintes não foi feita necessariamente para ser arte, apenas para ser reconhecida e vender. E é exatamente essa a idéia de quando ela compõe.
Sabe quando você está com aquele sentimento em seu interior e a primeira coisa que faz quando tem um tempo livre é pegar um lápis e um papel e fazer um desenho, não importa quanto tempo leve ou quantas pessoas o vejam? Ou quando aquele pensamento não lhe sai da cabeça até que você abra o Word, sem ao menos pensar se alguém vai ler e concordar?
Talvez seja essa a ansiedade que inspira as músicas da Mallu e, convenhamos, ela é uma garota, não vai querer expressar (mesmo porque ela não tenha isso) sentimentos de revolta social ou conflitos amorosos.
Escute-a apenas para deixar seus ouvidos sentirem algo mais leve de vez em quando. Livre-se da música pesada e das preocupações e responsabilidades diárias. Escute-a e pense que você tem apenas quinze anos e nada mais importa por um momento do que voltar da escola e pegar um violão para passar a tarde em baixo de uma árvore.


terça-feira, 24 de junho de 2008

Ensaio: Ficção-científica

Dizem que se Eisntein não tivesse nascido, o avanço do conhecimento científico e tecnológico humano estaria em atraso por meio século. Se tratanto então de Alan IV, talvez estivéssemos ainda na era do combustível petrolífero. E quem dera ele estivesse vivo até hoje para ver as maravilhas que suas descobertas nos trouxeram! Cada quadrante ocupado, cada matéria descoberta! Se não fossem os motores movidos à propulsão de quadriuns, esta minha viagem até Titã nunca seria possível.
Dentro do imenso ônibus espacial (só em meu setor podia contar cerca de cem passageiros dispostos em cadeiras e mesas bem espaçadas) o motor não produzia mais do que um leve ruído, semelhante ao de uma máquina ligada há centenas de metros. Já os corredores inferiores, por onde transitavam os avaliadores e os mecânicos, o barulho deveria ser infernal.
Divagando por esses assuntos, cochilei durante alguns instantes até que o pedestal, imergente do centro setor, anunciou nosso pouso dentro de dez minutos. Levantei de meu assento, espreguiçando-me longamente, e fui até a fileira de bancos laterais. Acomodei-me ao lado de um senhor baixo, mas muito acima do peso, com um longo bigode e costeletas gigantes (provavelmente vindo de Marte, onde a moda das costeletas estava em alta).
- É lindo, não é? A lua Titã, caminhando por volta de Saturno, sob as estrelas e o silêncio do vácuo. É como dizia Shawnk: "Se jornada a Titã tão longe não fosse, tão magnífica não seria sua paisagem. Se Saturno tão inquieto não existisse, a dança da Lua-Mor seria apenas uma miragem"
Dei-lhe um sorriso, como quem consente com a citação. Certamente ele vinha de Marte, pois é de lá quem vem os amantes das obras poéticas. Mas nem toda poesia marciana poderia descrever a sensação de se chegar pela primeira vez a Titã. Logo ao adentrar em seu espaço aéreo mais remoto, já é possível ver a cor e a luminosidade de sua capital Huygens. Diversas aeronaves circulavam sobre todos os patamares aéreos e podia-se ver três outros ônibus espaciais cortando o céu. Abaixo circulavam outras centenas de veículos sobre construções modernas e arrojadas, acizentadas cintilantes ou emitindo diversas cores. Toda a cidade fora construída como se caísse para um mesmo epicentro, suas ruas e quarteirões, as dobras de seus prédios e suas pontes, tudo aparentava imergir de um único ponto: a torre Cassini, homenagem a conquista humana de séculos atrás. Era quase patriótico, talvez humanitário, apreciar aquela imensa edificação de forma cônica. Em sua fina ponta abria-se como uma flor, talvez mais na forma de uma vitória-régia, uma plataforma circular, tão peculiar quanto a construção em si.
O nosso veículo, talvez grande demais para circular pelas vias de Titã (obviamente que Huygens não é a maior Cidade-Estado da Via-Láctea) manobrou sobre um prédio retangular onde uma equipe de recepção já se preparava para atender e informar os passageiros. O leve ruído do motor de quadrium cessou vagarosamente enquanto os tripulantes organizavam suas coisas e se dirigiam para o corredor de desembarque. Olhei pela janela e vi que algumas pessoas já pediam informações a equipe de recepção. Eu me contentei a retirar um pedaço amassado de papel do bolso (um pedaço de papel do bolso! que antiquado!), dar uma olhadela e enfiá-lo novamente na calça. A informação não era bem precisa, mas eu sabia o que fazer.
Saí da aeronave e lá estava eu, sobre a movimentação contínua da poética Titã. Talvez Shawnk não fosse tão romântico se tivesse vivenciado a agitação que a "lua dançante" de Saturno se transformou.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cultura Brasileira: Reconhecendo a honra de verdadeiros heróis

Esta semana me deparei com algo realmente emocionante. E digo no sentido patriótico da palavra. Aquele aperto no peito que lhe faz esquecer as amarguras da política brasileira e lhe dá vontade de cantar pelo seu país. Também não estou falando da Copa do Mundo, momento onde toda a população se reúne para cantar o Hino Nacional ante a televisão e andar pelas ruas com nossa bandeira. Estou falando de heróis, e heróis esquecidos pela nossa história.
Acredito que muitos de nós nunca ouvimos falar, principalmente nos livros de história escolares, sobre a FEB, os 17 de Atebaia ou nunca até mesmo vimos o logo de uma cobra fumando um cachimbo. Talvez isso soe até estranho a primeiro momento, mas é uma história digna de orgulho.
A Força Expedicionária Brasileira teve papel importantíssimo nos combates realizados na Itália ao final da Segunda Guerra Mundial. Dentre sacríficios e atos valorosos, nossos soldados conseguiram grande vitória em Monte Castello e trouxeram orgulho para a força dos Aliados. Mas, ao chegarem ao Brasil, se depararam com a pura realidade de serem esquecidos e mal remunerados.
E dá-lhe importância que tiveram! Ficariam surpresos em saber que o próprio Walt Disney fez um desenho do símbolo da FEB. Sim, o lendário Walt Disney ! A cobra fumando, com dois revólveres em fogo, trajada para a guerra, colocada sobre a inscrição "A cobra está fumando!".
E foi até interessante tocar neste assunto. Dizia-se, sob o temor da guerra, que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na Grande Guerra. E lá estavam os pracinhas com o logo da cobra fumando um cachimbo em seus uniformes.
Mas, tão intrigante quanto a história, é a carta do Dr. Otton, enviada ao amigo de guerra, já morto, no cemitério brasileiro da Itália, relembrando seus momentos e companheiros e contando a atual situação em que se encontravam os soldados que retornaram ao Brasil. A carta parte de um desabafo e chega, extraordinariamente, a uma crítica à política brasileira, tão atual quanto o foi na época. E então pula para uma revolta social interessante. Sendo escrita em 1958, o Dr. Otton se irrita pela valorização grandiosa ("heróica") dos JOGADORES DE FUTEBOL, que apenas jogam bola, em quanto os soldados lutavam pelos seus direitos pós-guerra e por condições sustentáveis de vida.
Para tanto, empolguei-me com a história da FEB e de sua luta heróica pelo patriotismo e decidi fazer minha homenagem a eles. Começarei em breve uma série de pequenos capítulos que contarão uma história fictícia, somada aos fatos reais que aconteceram (respeitando sempre a trajetória dos verdadeiros heróis) sobre a empreitada dos pracinhas na Segunda Guerra, intercalando à carta do Dr. Otton. É uma singela homenagem que também servirá para que o leitor possa conhecer um pouco dos verdadeiros heróis brasileiros.

Viva os pracinhas !


Emblema da FEB



Homenagem de Walt Disney à FEB



Comunicado da FEB no período da convocação para a Guerra