quarta-feira, 12 de março de 2008

Excursão com a Morte - Parte I

O senhor Paulo Golveia teve uma vida de conhecimentos invejável. Dedicou vários anos ao estudo da humanidade, tornando-se doutor em História e exímio articulador filosófico, analisando parcialmente as atitudes humanas de acordo com a situação de época e o comportamento da mente.
Após vários anos lecionando em faculdades e freqüentando centros de pesquisa, Paulo, aos seus 47 anos, veio a ter uma parada cardíaca. Mesmo sem poder abrir os olhos ou pronunciar qualquer palavra, podia ouvir a ambulância estacionando em frente a sua casa enquanto alguns familiares soluçavam e questionavam se ele iria sobreviver. Não, seu coração ainda não havia parado.
Enquanto seguia a caminho do hospital, com os médicos o examinando a toda momento e freqüentemente apertando seu peito, Paulo sentiu alguém mais ao seu lado.
- Vamos, Paulo. Abra seus olhos. Preciso lhe mostrar algumas coisas.
Paulo abruptamente abriu seus olhos e viu que nenhum médico fizera diferença para a situação, como se ele ainda estivesse para morrer. Olhando para a ponta da maca, Paulo pode vir uma figura macabra, mas que não o assustara. Era um ser vestido com um longo e surrado manto negro, com o capuz sobre a cabeça e uma foice a mão. No lugar de uma face havia somente um sinistro crânio.
- Não se assuste Paulo. Vim oferecer-lhe uma proposta.
Paulo sentou-se na cama e realmente não estava com medo da figura sombria.
- Quem é você?
- Ao longo dos séculos tive muitos nomes. Mas a cada minuto, alguém me chama pela minha mais famosa nomeação: Morte.
- Então... Eu vou mesmo morrer?
- Ainda não, se aceitar o que tenho a lhe oferecer.
- Pode dizer.
- Em toda sua vida, você dedicou-se ao estudo do mais peculiar ser vivo. É um expert no conhecimento da humanidade. Mesmo eu estando aqui há tantos milênios, nunca vivi realmente com os homens e, portanto, pelo seu saber, talvez possa responder a pergunta que eu mais escuto em meu serviço.
- Diga-me. Farei de tudo para respondê-la se possível. Visitarei minha biblioteca e meus amigos, e lhe direi...
- Não será necessário, caro Paulo. Você conhece a história da humanidade através de letras. Antes de me responder, quero que a conheça pelo meu ponto de vista. Venha, senhor Paulo, vamos dar um passeio...

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