O estopim do sentimentalismo humano! Quando tudo transcende ao inevitável calor da alma. Quando a aurora das emoções chega ao nível de extrema euforia. No momento em que nenhuma outra situação vai poder lhe tirar da nirvana recém alcançada. Nos tempos onde o piscar de olhos é suficiente para lhe levar e trazer de kashmir. Onde encostar-se para pensar torna-se algo tão vital para a sobrevivência quanto comer.
Quando nenhuma palavra que eu digo faz sentido algum.
Nesse momento, perguntar o que você está sentindo pode causar uma simples resposta: sei lá!
Sim, foi inexplicável.
terça-feira, 25 de março de 2008
quinta-feira, 13 de março de 2008
Excursão com a Morte - Parte II
Paulo serrou seus olhos e, quando os abriu de novo, estava em um bosque calmo e tranqüilo. Diversos pássaros pairavam e cantavam no céu. As copas das árvores chacoalhavam calmamente. A Morte, ainda ao seu lado, pegou-lhe pelo braço e o conduziu até uma clareira. Lá pararam e ficaram a observar um homem que usava uma túnica muito bonita, porém de uma época há muito passada, deitado à sombra de uma árvore.
- Quem é – Paulo começou a perguntar, mas foi interrompido com um pedido de silêncio pelo seu companheiro sombrio.
- Observe – a Morte disse.
Por trás dos arbustos surgiu uma figura de outro homem, com uma túnica mais pobre, porém tão robusto quanto o primeiro. Carregava em suas mãos uma pesada pedra e em seus olhos saía a fúria. Silencioso, postou-se atrás do homem, que neste momento percebeu a presença do agressor.
- Irmão? – A dúvida da vítima era evidente. Ele não sabia nem o que dizer. – O que fazes, irmão?
E antes que a resposta viesse, a pedra desceu sem piedade ao encontro da cabeça do pobre homem.
Paulo soltou um grito e fechou os olhos.
- Pare! O que ele está fazendo? PARE!
- É inviável gritar – a Morte respondeu secamente. – Isto já aconteceu há muito tempo, na aurora da humanidade. Quem dera tudo tivesse sido diferente. Mas vamos. Apesar de ter sido o primeiro homicídio da história de vocês, não é aqui que eu quero me conter.
E antes que Paulo pudesse pensar novamente, eles já estavam em cima de uma edificação. O viajante estava atordoado, não podendo acreditar na cena que acabara de ver.
- Levante-se. Você não poderia fazer nada por ele. Observe a vista daqui.
Paulo levantou-se e, desnorteado, olhou para a paisagem. Uma grande cidade estava diante de seus olhos e a arquitetura característica fez com que o historiador logo a reconhecesse.
- Roma!
- Exatamente. Vamos, não temos tempo a temer. A reunião já começou e César já está sendo pressionado.
- O quê?
A Morte novamente segurou-lhe pelo braço e o conduziu apressado por entre uma imensa porta. Apertaram o passo por entre os corredores até chegaram a uma porta normal, que dava para um salão rodeado de bancos. Paulo espiou pela porta e pode ver uma grande confusão. Alguns homens gritavam e pressionavam a um só pobre coitado, que caiu de joelhos ao chão questionando-se. A agitação era tamanha que não foi possível ver a fisionomia do homem. Logo, todos os outros tiraram adagas de suas vestes e as induziam contra aquele que já estava no chão.
Paulo encostou-se na parede, fechou os olhos e tapou os ouvidos, pois sabia que algo bom não iria acontecer. Mas ele só teve certeza quando, após vários gritos do pobre senhor que estava sendo atacado, o silêncio caiu. Os agressores não falavam mais nada. Paulo destapou os ouvidos e, mesmo sem ver, prestou atenção no acontecia na sala atrás da parede.
Entre os gemidos já sem força, um voz rouca ecoou:
- Até tu, ó Brutus?
O tinido de uma faca cortando o ar e um gemido colocaram fim a confusão.
- Basta – disse a Morte que parecia contente com o desespero de Paulo. – Temos mais a ver. Venha.
- Não! Leve-me de volta. Não vou ser obrigado a ver isso.
- Você não foi obrigado meu caro. Está apenas a ver meu serviço, da qual você optou para salvar a própria vida e me responder uma questão. Dê-me sua mão. Estamos apenas começando a nossa viagem.
Paulo não sabia o que fazia. Estendeu a mão, tremendo, e levantou-se. Como um vulto, ele foi levado para outro lugar.
- Quem é – Paulo começou a perguntar, mas foi interrompido com um pedido de silêncio pelo seu companheiro sombrio.
- Observe – a Morte disse.
Por trás dos arbustos surgiu uma figura de outro homem, com uma túnica mais pobre, porém tão robusto quanto o primeiro. Carregava em suas mãos uma pesada pedra e em seus olhos saía a fúria. Silencioso, postou-se atrás do homem, que neste momento percebeu a presença do agressor.
- Irmão? – A dúvida da vítima era evidente. Ele não sabia nem o que dizer. – O que fazes, irmão?
E antes que a resposta viesse, a pedra desceu sem piedade ao encontro da cabeça do pobre homem.
Paulo soltou um grito e fechou os olhos.
- Pare! O que ele está fazendo? PARE!
- É inviável gritar – a Morte respondeu secamente. – Isto já aconteceu há muito tempo, na aurora da humanidade. Quem dera tudo tivesse sido diferente. Mas vamos. Apesar de ter sido o primeiro homicídio da história de vocês, não é aqui que eu quero me conter.
E antes que Paulo pudesse pensar novamente, eles já estavam em cima de uma edificação. O viajante estava atordoado, não podendo acreditar na cena que acabara de ver.
- Levante-se. Você não poderia fazer nada por ele. Observe a vista daqui.
Paulo levantou-se e, desnorteado, olhou para a paisagem. Uma grande cidade estava diante de seus olhos e a arquitetura característica fez com que o historiador logo a reconhecesse.
- Roma!
- Exatamente. Vamos, não temos tempo a temer. A reunião já começou e César já está sendo pressionado.
- O quê?
A Morte novamente segurou-lhe pelo braço e o conduziu apressado por entre uma imensa porta. Apertaram o passo por entre os corredores até chegaram a uma porta normal, que dava para um salão rodeado de bancos. Paulo espiou pela porta e pode ver uma grande confusão. Alguns homens gritavam e pressionavam a um só pobre coitado, que caiu de joelhos ao chão questionando-se. A agitação era tamanha que não foi possível ver a fisionomia do homem. Logo, todos os outros tiraram adagas de suas vestes e as induziam contra aquele que já estava no chão.
Paulo encostou-se na parede, fechou os olhos e tapou os ouvidos, pois sabia que algo bom não iria acontecer. Mas ele só teve certeza quando, após vários gritos do pobre senhor que estava sendo atacado, o silêncio caiu. Os agressores não falavam mais nada. Paulo destapou os ouvidos e, mesmo sem ver, prestou atenção no acontecia na sala atrás da parede.
Entre os gemidos já sem força, um voz rouca ecoou:
- Até tu, ó Brutus?
O tinido de uma faca cortando o ar e um gemido colocaram fim a confusão.
- Basta – disse a Morte que parecia contente com o desespero de Paulo. – Temos mais a ver. Venha.
- Não! Leve-me de volta. Não vou ser obrigado a ver isso.
- Você não foi obrigado meu caro. Está apenas a ver meu serviço, da qual você optou para salvar a própria vida e me responder uma questão. Dê-me sua mão. Estamos apenas começando a nossa viagem.
Paulo não sabia o que fazia. Estendeu a mão, tremendo, e levantou-se. Como um vulto, ele foi levado para outro lugar.
quarta-feira, 12 de março de 2008
Excursão com a Morte - Parte I
O senhor Paulo Golveia teve uma vida de conhecimentos invejável. Dedicou vários anos ao estudo da humanidade, tornando-se doutor em História e exímio articulador filosófico, analisando parcialmente as atitudes humanas de acordo com a situação de época e o comportamento da mente.
Após vários anos lecionando em faculdades e freqüentando centros de pesquisa, Paulo, aos seus 47 anos, veio a ter uma parada cardíaca. Mesmo sem poder abrir os olhos ou pronunciar qualquer palavra, podia ouvir a ambulância estacionando em frente a sua casa enquanto alguns familiares soluçavam e questionavam se ele iria sobreviver. Não, seu coração ainda não havia parado.
Enquanto seguia a caminho do hospital, com os médicos o examinando a toda momento e freqüentemente apertando seu peito, Paulo sentiu alguém mais ao seu lado.
- Vamos, Paulo. Abra seus olhos. Preciso lhe mostrar algumas coisas.
Paulo abruptamente abriu seus olhos e viu que nenhum médico fizera diferença para a situação, como se ele ainda estivesse para morrer. Olhando para a ponta da maca, Paulo pode vir uma figura macabra, mas que não o assustara. Era um ser vestido com um longo e surrado manto negro, com o capuz sobre a cabeça e uma foice a mão. No lugar de uma face havia somente um sinistro crânio.
- Não se assuste Paulo. Vim oferecer-lhe uma proposta.
Paulo sentou-se na cama e realmente não estava com medo da figura sombria.
- Quem é você?
- Ao longo dos séculos tive muitos nomes. Mas a cada minuto, alguém me chama pela minha mais famosa nomeação: Morte.
- Então... Eu vou mesmo morrer?
- Ainda não, se aceitar o que tenho a lhe oferecer.
- Pode dizer.
- Em toda sua vida, você dedicou-se ao estudo do mais peculiar ser vivo. É um expert no conhecimento da humanidade. Mesmo eu estando aqui há tantos milênios, nunca vivi realmente com os homens e, portanto, pelo seu saber, talvez possa responder a pergunta que eu mais escuto em meu serviço.
- Diga-me. Farei de tudo para respondê-la se possível. Visitarei minha biblioteca e meus amigos, e lhe direi...
- Não será necessário, caro Paulo. Você conhece a história da humanidade através de letras. Antes de me responder, quero que a conheça pelo meu ponto de vista. Venha, senhor Paulo, vamos dar um passeio...
Após vários anos lecionando em faculdades e freqüentando centros de pesquisa, Paulo, aos seus 47 anos, veio a ter uma parada cardíaca. Mesmo sem poder abrir os olhos ou pronunciar qualquer palavra, podia ouvir a ambulância estacionando em frente a sua casa enquanto alguns familiares soluçavam e questionavam se ele iria sobreviver. Não, seu coração ainda não havia parado.
Enquanto seguia a caminho do hospital, com os médicos o examinando a toda momento e freqüentemente apertando seu peito, Paulo sentiu alguém mais ao seu lado.
- Vamos, Paulo. Abra seus olhos. Preciso lhe mostrar algumas coisas.
Paulo abruptamente abriu seus olhos e viu que nenhum médico fizera diferença para a situação, como se ele ainda estivesse para morrer. Olhando para a ponta da maca, Paulo pode vir uma figura macabra, mas que não o assustara. Era um ser vestido com um longo e surrado manto negro, com o capuz sobre a cabeça e uma foice a mão. No lugar de uma face havia somente um sinistro crânio.
- Não se assuste Paulo. Vim oferecer-lhe uma proposta.
Paulo sentou-se na cama e realmente não estava com medo da figura sombria.
- Quem é você?
- Ao longo dos séculos tive muitos nomes. Mas a cada minuto, alguém me chama pela minha mais famosa nomeação: Morte.
- Então... Eu vou mesmo morrer?
- Ainda não, se aceitar o que tenho a lhe oferecer.
- Pode dizer.
- Em toda sua vida, você dedicou-se ao estudo do mais peculiar ser vivo. É um expert no conhecimento da humanidade. Mesmo eu estando aqui há tantos milênios, nunca vivi realmente com os homens e, portanto, pelo seu saber, talvez possa responder a pergunta que eu mais escuto em meu serviço.
- Diga-me. Farei de tudo para respondê-la se possível. Visitarei minha biblioteca e meus amigos, e lhe direi...
- Não será necessário, caro Paulo. Você conhece a história da humanidade através de letras. Antes de me responder, quero que a conheça pelo meu ponto de vista. Venha, senhor Paulo, vamos dar um passeio...
sexta-feira, 7 de março de 2008
Correção do texto "Ao Fim de Uma Cultura" (25/02/08)
Vim informar uma significativa mudança no texto "Ao Fim de Uma Cultura", de 25 de Fevereiro de 2008. Meu ideal era mostrar o valor dos primórdios culturais brasileiros, da qual teve muita importância em tempos mais antigos, mas infelizmente vem se perdendo, dando espaço para o “copismo” - americanizado. Porém, no final do texto, ao retratar que "nós brasileiros" (generalizando a parcela da sociedade que vem crescendo cada dia mais, desejos pela cultura exterior, vêm optando por ignorar o nacionalismo, deu-se a entender que EU, pessoalmente, era quem dizia para encerrarmos a "cultura de subsistência", deixar os valores culturais brasileiros, e atuar com o comércio de exportação/importação, influenciando-nos cada vez mais com o que não é nosso. Me desculpem pela falta de explicação, porém o final do texto já foi reescrito e acredito que agora se encontra mais compreensível.
Abro um apêndice aqui para afirmar que a produção cultural atual brasileira está perdendo muito de seu valor. Estamos cada dia mais com "porcarias" preenchendo o nosso cotidiano. Porém, nem por isso devemos de confiar no que temos, afinal essa degradação provavelmente vem da falta de olharmos para a produção cultural mais antiga do Brasil. Talvez, se parássemos de olhar os de fora na hora de produzir algo aqui dentro, estaríamos com um repertório mais rico.
Também não sou um anti-americano alienado, e sei muito bem quão boas são as influências do outro lado da América ou do Reino Unido. Porém, acredito sim que temos potencial suficiente para termos um nível de produção muito melhor e bem mais reconhecido do que o atual.
No mais, agradeço a crítica do Felipe, que me fez reler o texto sobre um outro ponto de vista e ver que talvez eu fosse compreendido mal. Por isso, a opinião do outrem é muito importante para o aperfeiçoamento da escrita.
Abraço a todos !
Abro um apêndice aqui para afirmar que a produção cultural atual brasileira está perdendo muito de seu valor. Estamos cada dia mais com "porcarias" preenchendo o nosso cotidiano. Porém, nem por isso devemos de confiar no que temos, afinal essa degradação provavelmente vem da falta de olharmos para a produção cultural mais antiga do Brasil. Talvez, se parássemos de olhar os de fora na hora de produzir algo aqui dentro, estaríamos com um repertório mais rico.
Também não sou um anti-americano alienado, e sei muito bem quão boas são as influências do outro lado da América ou do Reino Unido. Porém, acredito sim que temos potencial suficiente para termos um nível de produção muito melhor e bem mais reconhecido do que o atual.
No mais, agradeço a crítica do Felipe, que me fez reler o texto sobre um outro ponto de vista e ver que talvez eu fosse compreendido mal. Por isso, a opinião do outrem é muito importante para o aperfeiçoamento da escrita.
Abraço a todos !
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