quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Filósofos de Escola

Quando o homem ficou ocioso, arrumou escravos e parou de trabalhar, quando não se importava tanto com a criação dos filhos e se tornou ocioso, foi que nasceu a filosofia. Sim, quando os gregos pararam de se esforçar e tiveram tempo para ficar olhando a vida dos outros e se irritaram com a crença alheia, neste momento eles decidiram-se tornar “realistas” e começaram a buscar explicação para tudo. Não que muito do nosso mais importante conhecimento não tenha vindo deles, ou que sua ajuda não foi totalmente fundamental. Mas convenhamos que para a época eles se tornaram pessoas com uma auto-imagem maior do que a convencional.

Comparo-os com uma determinada personalidade que conheci recentemente, da qual conhecê-lo pessoalmente fez com que a visão que eu tinha dele, por sua já dita fama, caísse consideravelmente. Se auto-intitulando um experiente filósofo, procura rebaixar qualquer outra forma de pensamento que não siga a sua corrente ideológica e se ajoelha perante renomes da fama dos “atuais pensadores”. Se existe algo que é irritante, isso seria alguém negar o conhecimento alheio e impor-se como única fonte do verdadeiro conhecimento.

Afinal, por tanto mais conhecimento que você tenha, nunca que a sua pessoa passou pelas mesmas experiências que da outrem. Para tanto, a filosofia grega realmente trouxe o pensamento racional e estimulou o homem a abrir seus horizontes, antes fechados pela mitologia. Porém, desvalorizar a crença da população que ainda ocupava seu tempo com trabalho e não dispunha de ociosidade, é realmente tornar-se alguém arrogante, por mais culto que a pessoa tenha sido. A valorização da diversificação é realmente linda. É como dar diversas cores a um quadro, em vez de deixá-lo somente pintado com tinta preta.

Obviamente, os filósofos gregos interligaram diversas culturas, para que uma transmitisse a outra seu cotidiano e seus ideais. Em contraposição, os auto-proclamadores “filósofos” (que não espalham sua ideologia egoísta além da fronteira de uma cidade do interior), impõem suas criações, que nada mais são do que repetições daquilo que alguém com muito mais conceito que ele disse, para os demais “inferiorizados”. Isso não fará com que as gerações que o escutam abram suas mentes. Obedecendo tal pessoa, o máximo que ela conseguirá ser será alguém “alienado a anti-alienação”. Alguém que somente repete os ideais de liberdade mental de forma enjoativa e copiatória, não estimulando o seu próprio tema.

Tomando como base a definição “alienação” como “uma pessoa que age sem realmente entender as coisas, estimulada por algum meio”, apresento os dois exemplos a seguir:

- A sociedade atual se prende muito a televisão. Tornaram-se máquinas que seguem o que a mídia diz. Consumismo desenfreado, moda, status. A pessoa se tornou alienada, fugindo da realidade e se baseando em um estilo de vida que só traz felicidade e liberdade na novela das oito.

- Alguém certa vez, muito bem estudado, entendeu que a sociedade caminhava cega, seguindo o que a mídia dizia. Ele se libertou e proclamou que devemos abandonar esse estilo de vida estereotipado pelos canais televisivos. Algum de seus pupilos escutou isso e passou a abolir a televisão e os meios de comunicação. Prega a todos que aquilo que é exibido é ridículo e deve ser abolido. Sem saber o que se passa, diz que tudo isso que a mídia prega só traz alienação a mente humana. Porém, ele mesmo se tornou um alienado, pois somente repete o que o mestre diz e não procura por si só saber o que a mídia tem de bom ou ruim, ou como fazer para ter uma vida própria.

Qual dos dois tornou-se mais alienado?

Porém, não devemos incitar palavras contraditórias a tais pessoas, pois seria exatamente como atirar pérolas aos porcos, perdendo nosso tempo com palavras valiosas. Tais pessoas são tão mais difíceis de tirar da alienação, por acreditarem que já estão indo contra ela, do que alguém que sempre segue a moda que está sendo exibida na nova minissérie.

Mas, ainda assim, acredito que tais pessoas abandonaram os ideais da filosofia, mesmo que continuem a seguir o estilo de vida dos criadores dela. Pessoas ociosas, que tendem a ruminar repetitivamente aquilo que já foi dito. Diga-me quantos conceitos novos esses “filósofos de escola” já descobriram?

5 comentários:

Eric Vanucci disse...

Esse texto eu já havia lido, e curti pra caramba (eu sou amigo do autor, tenho privilégios!). Mateus, você é um escritor, e nasceu pronto, cara! Parabéns!

Nando Damázio disse...

Oi Mateus !!
Primeiro vou comentar os dois textos que você me indicou e, quando li, já me deu logo vontade ler outros também ..
O primeiro foi "Eu nasci numa época legal" .. Pude perceber que você deve ter mais ou menos a mesma idade que eu, pois me identifiquei muito com o que você escreveu ali, inclusive o fato de quando pequeno eu achar que havia homenzinhos dentro do rádio, hehe .. E eu ia mais além, acreditava que as pessoas dentro da televisão estavam lá de verdade, todas elas pequenininhas e que, se a gente quebrasse a tela, elas saltariam pra fora e invadiriam nossa casa .. Dava até medo !! kkkkkkkkkk .. Putz, criança tem cada uma, né ??
Das músicas dos anos 90 acho que o que ficou de mais forte mesmo da infância foram os Mamonas Assassinas, não que tenham sido a melhor coisa de todos os tempos, mas pela popularidade mesmo, impossível de esquecer .. Tiveram filmes legais também e entre eles eu destaco o Rei Leão .. Opa, peraê senão acabo fazendo um replay do meu post sobre os anos 9o, hehehe .. Cara, muita coisa boa fico mesmo na lembrança !!

O segundo texto foi "Boizinhos de Batata", e mais uma vez me revi nas suas palavras .. Eu também fazia os tais bichinhos, rsrs .. Claro que os fazia antes de ganhar meu Tamagoshi e meu primeiro mini-game, que depois virou video-game a hoje é um computador do qual estou blogando .. Caraca, como o tempo passa, hein !!

Gostei do blog, agora deixa eu ler a postagem atual para comentar ..

Nando Damázio disse...

Sempre gostei de filosofia, mas não me deixo alienar por nada .. Essa história de que a televisão, a novela das oito e sei lá mais o quê só servem para alienar as pessoas não me convence, pois somos seres inteligentes e só nos deixamos alienar se formos fracos de mente, ou seja, facilmente alienáveis .. Por isso acho que para quem tem opinião própria e uma mente formada, a televisão nada mais é que um simples meio de entretenimento e não uma ameaça !! Já a filosofia não é para mudar formas de pensar ou influenciar personalidades e sim para propocionair pensamentos mais amplos, questionamentos, instigando ao conhecimento ..

Muito bom o texto, Lucas, leva a uma boa reflexão ..
Abraço, até mais !!

Nando Damázio disse...

Putz .. é o sono de uma noite mal-dormida, hehe .. Lucas não: MATEUS !!
Foi mal aê, cara, num esqueço mais !!

Israel Oliveira dos Santos disse...

Concordo plenamentemente, Ma!

É que nem os chineses...eles criaram um dos principais calendários metereológicos e astronômicos de sua época, totalmente voltado à função matemática e física...coisa de gênio.
No entnato conforme foram passando as gerações seus netos e tataranetos gabavam-se de seus conhecimentos que o tratavam como algo divino e merecedor de culto.
Resultado: Séculos depois, quando viajantes do Primeiro Mundo encontraram a China, mostraram que tinham muito maior conhecimento astronômico do que os chineses, pois não estagnaram seu conhecimento na religião e misticismo alienado e sim no avanço científico para conquistar novos horizontes, levando -os a ganhar a simpatia do imperador chinês da época !

Linda história....estou a chorar neste momento

perdoem meus soluços...