segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ao Fim de uma Cultura

Houve uma época em que o Brasil vivia sobre uma “cultura de subsistência”. Não cito aqui a economia e a agricultura, mas sim a forma de vida do povo. E cai muito bem este termo ao Brasil. A cultura de subsistência nada mais era do que a produção cultural e intelectual do próprio povo e que visava sustentar somente a si mesmo. Não se sabe quando adotamos esta forma de vida, já que ela habita a terra desta pátria amada desde o primeiro índio que aqui se chegou e teve de se adaptar ao nosso clima e vegetação.

Fortificando estas raízes, os índios caracterizaram o Brasil de uma forma que até hoje podemos sentir traços de seu estilo de vida, embora hoje muito apagada. Mas anos mais tarde (talvez centenas de translações da Terra), os lusos aqui aportaram, descobrindo uma nova morada. Abrigaram-se e trouxeram familiares, trabalhadores e escravos. Invadiram e se misturaram. Implantaram parte de sua cultura, porém não puderam evitar metamorfoseá-la à realidade brasileira, criando assim uma cultura miscigenada e própria do nosso povo.

E por anos afinco resistimos assim. Embrenhamo-nos dentro de nossa própria sabedoria e cultura, explorando as diversas áreas do nosso conhecimento artístico. Inventamos ritmos característicos, roupas próprias, uma forma de pintura peculiar e uma literatura invejável. Fomos durante muito tempo um povo que esquadrinhou seu próprio corpo em busca de novas criações. Sustentamos a imaginação e o interesse da população por nós mesmos, apesar de influenciados diversas vezes, mas sempre caracterizados pela nossa nação alegre e inquieta. Vivemos durante muito tempo pela “Cultura de Subsistência”.

Porém, essa era está chegando ao fim. O Brasil pós-guerra, infectado pelo início da globalização, trouxe muito da cultura estrangeira e deixamos de pegar pequenas influências para valorizarmos as cópias descaradas. Obviamente que a nação sob ditadura despertou a valorização brasileira em um limite quase nunca alcançado, mas esse momento eufórico nacionalista chegou ao fim com a democracia de comércio e relações internacionais. Decidimos voltar nossos olhos para a cultura de fora e acolhe-la ao máximo.

Encerramos a cultura de subsistência e, infelizmente, adotamos de forma cega o comércio de exportação/importação.

3 comentários:

Eric Vanucci disse...

Uma coisa é certa: o Blog do Mateus é cultura!

Felipe Gomes disse...

tenho que discordar..
por mais que aceitemos a cultura de fora, temos que sim dar valor à cultura brasileira..
afinal, lixo, os estrangeiros também tem, tanto quanto nós temos..mas a maioria nao chega até nós..

temos que separar o lixo do que é bom, mesmo sendo a maioria lixo..coisa boa também tem por aqui...basta procurar..

por isso nao acho que devemos acolher a cultura estrangeira ao máximo, pois assim perderíamos nossas essencias e raízes..

devemos sim, absorver algumas coisas, desde que boas...e juntar com o que temos de bom..

mesmo que nao gostemos de samba por exemplo, devemos ignorar coisas como "inimigos da hp", e dar valor a noel rosa, chico buarque entre tantos outros..

talvez vc prefira tolkien a paulo coelho, mas ainda assim, precisamos dar valor à grandes escritores como machado de assis e clarice lispector (mesmo que eu nao goste de nenhum dos dois, tenho consciencia da importancia dos mesmos)..

e vale lembrar que temos cordel do fogo encantado, teatro mágico, marcelo massagão, sebastião salgado, jorge furtado, selton mello, lourenço mutarelli, mauricio de sousa, tom zé, monteiro lobato, ziraldo, tarsila do amaral, villa lobos, cecilia meireles e tantos outros..

nao sou contra o consumo do "produto cultural norte-americano" ou de qualquer outra origem..

mas adotar isso como cultura predominante, excluindo assim toda a cultura de um povo é um erro...

Mateus disse...

Opa, Felipe... comentário valiosíssimo (tanto melhor quanto a postagem !)

Já arrumei o texto, pois o que vc disse era exatamente o que eu queria dizer. Poré, meu final embaraçou tudo.

Por tanto, arrumei a postagem.

Valeu, Felipão !