Segue abaixo texto elaborado para trabalho de história
(ou seja, falta do que postar):
OLGA – Crítica ao filme
Em sua maioria, os filmes baseados em fatos reais e históricos possuem um apelo emocional para a contextualização do evento muito forte, procurando levar o telespectador a se integrar dos sentimentos vividos na época do acontecimento. Em suma, espera-se que as situações que ocorram durante a trama mostrem o peso emocional que isso causou na personagem ou qual a repercussão de suas ações para o contexto histórico. E nisso Olga possui uma fenda negativa.
Contando a vida de Olga Benário, ativista do comunismo e alemã, o filme apresenta suas ações em sua terra natal e seus envolvimentos ao se aliar à causa brasileira contra o governo totalitário de Getúlio Vargas ao lado de Luís Carlos Prestes, bem como seu envolvimento amoroso com o mesmo. Apesar de ficar explícito a situação em que as personagens vivem, a trama parece dar mais ênfase na revolução como a causa do relacionamento de Olga e Prestes, apresentando as situações intrincadas do nazismo alemão e a simpatia do governo brasileiro apenas como ápices para dramatizar o envolvimento dos dois. Em muito se parece com uma novela, condensada em um único capítulo, talvez pelo fato de Monjardim, diretor do filme, ter feito somente telenovelas antes de Olga.
E se há falta de apelo histórico aos personagens, também o há nos diálogos. Longas falas, talvez elaboradas demais para pessoas que estavam no mesmo momento escapando de militares, dão um certo tom teatral, afastando ainda mais a perspectiva de sofrimento da situação e dando lugar a um “conto brasileiro”, que é o que parece ter sido a intenção de seus realizadores. Ao invés de caracterizar-se pelo desespero das invasões dos militares, por movimentação e por planos conspiratórios mais ambientados, os personagens parecem só demonstram emoções quando relacionam entre si, entre seus problemas pessoais, e abandonam as feições emotivas quando estão discutindo problemas políticos e de sobrevivência. Talvez a curta carreira no mundo artístico de Camila Morgado, intérprete da personagem-título, tenha impedido de que ela se expresse nas mais variadas situações.
Mas nem por isso o filme perde seu clima. O elenco que cerca a “café-com-leite” Camila é realmente um peso considerável ao sucesso do filme. Caco Ciocler, que no filme faz Prestes, consegue dar emoção e mais naturalidade as frases mal elaboradas e longas do roteiro e é o único que realmente parece se mais ao que acontece ao país do que as próprias emoções. Ganha destaque na cena em que lê a carta de Olga que lhe conta sobre a gravidez, numa tomada sem cortes que começa em um close e afasta lentamente, apresentando gradativamente o choque emocional de um recém-descoberto pai. A dupla de Fernanda Montenegro e Mariana Lima trabalham bem ao darem as características familiares da história, mesmo que sua já elevada categoria as vezes se contrapõem à falsidade dos coadjuvantes que as cercam.
Apesar de criticada, a fotografia do filme é bastante peculiar aos filmes convencionais brasileiros e as cores apresentam tonalidades que dão um clima mais sombrio à época em que a história se passa. Não fosse a ambientação pequena de casas e prisões, pode-se perceber que há um mundo grande e tenebroso que espera as personagens aparecerem para atacá-los. Palmas a Ricardo Della Rosa, que ficou responsável por isso (não por menos recebeu os prêmios de Melhor direção de arte, Melhor Figurino e Melhor maquiagem no Grande Prêmio BR de Cinema Brasileiro, em 2006).
Exalto aqui a ambientação do filme e à sua vontade de apresentar a época crítica em que se passa a história, mas infelizmente o filme tornar-se-ia mais grandioso se em vez de se preocupar tanto com a mudança de postura de Olga (de garota revolucionária para esposa e mãe) inteirasse mais aos telespectadores da movimentação política e dos efeitos que isso causou nos personagens. Claramente essa ruptura fica à cargo de se concentrar o filme na vida de Olga, onde é impossível imaginar ela se preocupando com o mundo quando tem uma criança no colo (antes o nome do filme fosse Prestes!). Porém, a falha do diretor é compensada pelo bom trabalho da equipe anexa, que se empenhou para dramatizar da melhor forma possível aquela alemã que em pouco tempo, tornou-se uma brasileira convicta.
Olga
Ano de produção: 2003/2004
Lançamento: 20/08/2004
Direção: Jayme Monjardim
Roteiro: Rita Buzzar
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Trilha Sonora: Marcus Viana
Figurino: Paulo Lois
Direção de Arte e Cenografia: Tiza Oliveira, Gelson Santos, Érika Lovisi
Atores: Camila Morgado, Caco Ciocler, Fernanda Montenegro, Mariana Lima, Renata Jesion, Osmar Prado, Luis Mello, Eliane Giardini, Werner Schünemann, Floriano Peixoto, Murilo Rosa, José Dumont.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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2 comentários:
Tudo bem Mateus? Mandando bem como sempre, hein? Tô aqui mas tô acompanhando o blog... Abraços!!!
Maaaaath voce sumiu, nao posta mais :/
saudadees!
beijão
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